quarta-feira, 30 de março de 2011

Medo de quê?

Eu tenho medo
Medo de quê?
Da vida
De você

Eu tenho medo
Medo por quê?
Porque medo não sei
não sei o quê

Eu tenho medo
Medo pra quê?
Pra gritar socorro
e quem sabe você me vê

Eu tenho medo
Medo de quê?
Do que não conheço
De mim...
Mais aldravias! Para quem quer saber mais sobre essa nova forma poética, leia o post abaixo!


Insônia

O
galo
canta
eu
sem
canto

O
galo
canta
eu
sem
sono

segunda-feira, 21 de março de 2011

Aldravia - uma nova forma poética

       O movimento Aldravista desde sua origem buscou encontrar parâmetros de poeticidade na simplicidade, de forma que a proposta póetica tenha poeticidade mas seja compreensível, como se o poeta tivesse buscando encontrar a poética na própria fala. Nessa busca, encontrou-se no haicai o que estaria mais próximo dessa pretensão. Simplicidade e poeticidade, conteúdo com economia de palavras, bem no propósito poundiano de poesia. No entanto, os aldravistas imaginaram que era possível ir mais longe nessa senda da poesia sintética. Além da síntese, era preciso manter a mais sublime característica das ações humanas: a liberdade.
       Nesse espírito, pensando poeticidade como propriedade intrínseca da linguagem humana, é que Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, J S Ferreira e eu propusemos a aldravia como nova forma de poesia.
       Nas discussões dos aldravistas na concepção da aldravia, Gabriel Bicalho pondera que, se os provérbios podem ser densos de conteúdo com seis ou sete palavras (Diga com quem andas; direi quem és. Casa de ferreiro, espeto de pau), a poesia também poderá assim ser, ainda mais que o poeta pode se dar ao luxo de usar somente palavras essenciais para a composição do conteúdo pretendido. Mais uma vez, o máximo conteúdo no mínimo de palavras com a musicalidade e a plasticidade da poesia. Em função disso, o grupo, por consenso, definiu a aldravia como poema sintético de seis versos de uma palavra sobrepostos na linha vertical.
       Mais que isso, a aldravia, para manter o bastião do aldravismo - a liberdade - pode contemplar em sua composições qualquer tipo de motivação lírica: ode (homenagem a algo ou alguém); elegia (saudade ou melancolia); idílio (culto à natureza); epitalâmio (homenagem a núpcias) ou sátira (crítica a algo ou alguém). Como se vê, a aldravia é apenas um envelope simples capaz de abrigar qualquer proposição temática, com o máximo de poeticidade.
       Alerta: aldravia vicia, mas esse vício faz bem ao espírito criador.

Texto do professor da UFOP J.B. Donadon-Leal (Pós-Doutor em Análise do Discurso/UFOP) retirado do Jornal aldrava: http://www.jornalaldrava.com.br/

Duas aldravias maravilhosas do Poeta aldravista Luiz Gondim (RJ/RJ):

é
quando
tua
presença
dispensa
palavras


quero
vestir
tua
noite
despindo
censuras



Pois bem, já estou viciada!

Minhas aldravias


A
agonia
me
mastigava
e
cuspia
                                 

Menina
na
consome
me
permita
se


Vida
sem
vida
vida
semi
vida


Petrarca
soneto
Homero
epopeia
Eu
aldravia


Poeta
do
morro
pedia
socorro
Cartola


Eu
quero
eu
posso
Eu?
fantasia!


Eu
sou
o
seu
pão
imaginação


Eu
sou
o
seu
chão
Pisa!


Greve
de
fome
Greve
me
come


O
político
roubou
o
dinheiro
roubado


Computador
computa
dor
processa
(m)e
apague


O
meu
ofício
sem
aposentadoria:
Amar


Mudo
de
mim
e
permaneço
aqui


Violão
sem
mi
Eu
sem
ti


Eu
bêbada
de
beber
minha
poesia

Eu
bêbada
de
beber
minha
aldravia


quinta-feira, 17 de março de 2011

(En)quanto?

Passa passa no meu passo
pára pára no meu (des)compasso
Passa passa passarinho
pára pára no meu caminho
por enquanto
enquanto
quanto?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnavalizando

Eis que o carnaval chega
e toda gente se junta num samba só
mistura cores, credo, qualquer que seja
e dançam o choro pai, mãe, avô e avó
E os vizinhos que se despeitam
no carnaval até se respeitam
usam máscaras de boas maneiras que só

No carnaval o malandro é malandro
No carnaval ser malando não é ser pior

Eis que o carnaval chega
e pobre e rico saem da toca
lá no planalto a gravata se desajeita
doida pra sair e curtir a moda
E na rua toda gente se une
no carnaval suor é o melhor perfume
que exala em toda roda

No carnaval o governo é do povo
No carnaval democracia tá na moda

E eis que o carnaval chega
E carrega o povo
E carrega a roda
Governo do povo
Democracia na moda