sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ameniza-a-dor

Se potencializa o amor
a dor também se potencializa
e ao final, se não der certo
não há outro amor que ameniza...
ameniza-a-dor...!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Eu... eu... te... eu... eu... te...

Poesia sem fôlego ou A frase que não sai

E por vias permissíveis
rocei a minha barba no seu rosto.
E como sorriu um sorriso de travessura
meu corpo, libidinoso, te roçou sem censura.
E, de repente, era um botão que se abria.
Era o seu, porque o meu já não se sabia.
E no vai e vem eu lhe dizia: Eu... eu... te...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vens e vais... vens e vais... vens e vais...

Profana
à maneira de Bandeira

Vens
e vira do avesso meu mundo,
profana o que em mim é mais puro.
Depois vais e cai nos braços daquele rapaz.
Esqueces, me apagas, me apago.
Que dor me traz!

Ai de mim que sofro
e quanto mais sofro mais me perco
nas pernas das moças
que sedento penetro suas coxas.
Mas não são suas coxas!
Que dor me traz!

Jazz um peito sofrido
que de amor se alimenta.
E tu, tu que me atormentas
vens sedenta para nutri-lo,
mas sempre me deixas e vais com aquele rapaz.
Que dor me traz!

Vens e vais...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sem endereço

O chão que piso tem que ser duro
e seco como o sertão.
Ele não pode se abalar com o peso
de minhas dores, questionamentos
incessantes e frustrações experimentadas
na leitura diária de um jornal.

Donde venho?
Onde estou?
Para onde vou?
Eu preciso ir.
Eu tenho fome e é
fome do lugar que meus sonhos sonham.
Não quero mais esse jejum involuntário.
Quero o endereço desse lugar.
Alguém sabe me dizer?

O chão que piso quase não suporta mais
o peso da leveza de meu corpo que
some a cada sonho...
Estou sumindo.
Cadê a minha mão? Está sumindo.
Preciso do endereço desse lugar.
Alguém sabe me dizer?
Cadê a minha mão?
Não estou conseguindo escrever.
Preciso do endereço desse lugar.
Alguém sabe me dizer?
Alguém sabe me?
Alguém sabe?
Alguém?
?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tristeza

E eu...
RIo rio rio rio
RIo rio rio rio
RIo rio rio rio
RIo rio rio rio

Sim! O excesso de tristeza me faz ri ri ri ri ri...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vício

Mulher meu vício
Que será de mim sem ela?
Evito-a. Excito comigo, mas cadê
a pele com a pele de me causar arrepios?
Procuro-a. Excito com ela, mas de novo o medo
dos calafrios... de Dor.
Dor sem prazer?
Dor que dói.
Dor pungente que me obriga a evitá-la novamente.
Essa mulher me dói, mas meu vício?
Tenho que alimentá-lo ou morro.
Socorro!
Evito ou procuro?
Socorro!
Mulher meu vício
Que será de mim sem ela?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Jacqueline aux mains croisées - Picasso




J a q u e l i n e d e m ã o s c r u z a d a s

E de um lado do cubo
as mãos que não cedem
Solta essa mão, menina!
Se move e me comove
com um ato de ousadia
e cruza sua mão com a minha!

E do outro lado do cubo
as mãos que não cedem
Solta essa mão, menina!
Esquece seu dono e abandona
a vanguarda que te prende
de pouca transgressão e muita geometria!

E todo lado é um só cubo
e as mãos que não me cedem
Solta essa mão, menina!
Me encontre nas beiradas
de um cubo sem Cubismo,
Jaqueline de mãos cruzadas!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Medo de quê?

Eu tenho medo
Medo de quê?
Da vida
De você

Eu tenho medo
Medo por quê?
Porque medo não sei
não sei o quê

Eu tenho medo
Medo pra quê?
Pra gritar socorro
e quem sabe você me vê

Eu tenho medo
Medo de quê?
Do que não conheço
De mim...
Mais aldravias! Para quem quer saber mais sobre essa nova forma poética, leia o post abaixo!


Insônia

O
galo
canta
eu
sem
canto

O
galo
canta
eu
sem
sono

segunda-feira, 21 de março de 2011

Aldravia - uma nova forma poética

       O movimento Aldravista desde sua origem buscou encontrar parâmetros de poeticidade na simplicidade, de forma que a proposta póetica tenha poeticidade mas seja compreensível, como se o poeta tivesse buscando encontrar a poética na própria fala. Nessa busca, encontrou-se no haicai o que estaria mais próximo dessa pretensão. Simplicidade e poeticidade, conteúdo com economia de palavras, bem no propósito poundiano de poesia. No entanto, os aldravistas imaginaram que era possível ir mais longe nessa senda da poesia sintética. Além da síntese, era preciso manter a mais sublime característica das ações humanas: a liberdade.
       Nesse espírito, pensando poeticidade como propriedade intrínseca da linguagem humana, é que Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, J S Ferreira e eu propusemos a aldravia como nova forma de poesia.
       Nas discussões dos aldravistas na concepção da aldravia, Gabriel Bicalho pondera que, se os provérbios podem ser densos de conteúdo com seis ou sete palavras (Diga com quem andas; direi quem és. Casa de ferreiro, espeto de pau), a poesia também poderá assim ser, ainda mais que o poeta pode se dar ao luxo de usar somente palavras essenciais para a composição do conteúdo pretendido. Mais uma vez, o máximo conteúdo no mínimo de palavras com a musicalidade e a plasticidade da poesia. Em função disso, o grupo, por consenso, definiu a aldravia como poema sintético de seis versos de uma palavra sobrepostos na linha vertical.
       Mais que isso, a aldravia, para manter o bastião do aldravismo - a liberdade - pode contemplar em sua composições qualquer tipo de motivação lírica: ode (homenagem a algo ou alguém); elegia (saudade ou melancolia); idílio (culto à natureza); epitalâmio (homenagem a núpcias) ou sátira (crítica a algo ou alguém). Como se vê, a aldravia é apenas um envelope simples capaz de abrigar qualquer proposição temática, com o máximo de poeticidade.
       Alerta: aldravia vicia, mas esse vício faz bem ao espírito criador.

Texto do professor da UFOP J.B. Donadon-Leal (Pós-Doutor em Análise do Discurso/UFOP) retirado do Jornal aldrava: http://www.jornalaldrava.com.br/

Duas aldravias maravilhosas do Poeta aldravista Luiz Gondim (RJ/RJ):

é
quando
tua
presença
dispensa
palavras


quero
vestir
tua
noite
despindo
censuras



Pois bem, já estou viciada!

Minhas aldravias


A
agonia
me
mastigava
e
cuspia
                                 

Menina
na
consome
me
permita
se


Vida
sem
vida
vida
semi
vida


Petrarca
soneto
Homero
epopeia
Eu
aldravia


Poeta
do
morro
pedia
socorro
Cartola


Eu
quero
eu
posso
Eu?
fantasia!


Eu
sou
o
seu
pão
imaginação


Eu
sou
o
seu
chão
Pisa!


Greve
de
fome
Greve
me
come


O
político
roubou
o
dinheiro
roubado


Computador
computa
dor
processa
(m)e
apague


O
meu
ofício
sem
aposentadoria:
Amar


Mudo
de
mim
e
permaneço
aqui


Violão
sem
mi
Eu
sem
ti


Eu
bêbada
de
beber
minha
poesia

Eu
bêbada
de
beber
minha
aldravia


quinta-feira, 17 de março de 2011

(En)quanto?

Passa passa no meu passo
pára pára no meu (des)compasso
Passa passa passarinho
pára pára no meu caminho
por enquanto
enquanto
quanto?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnavalizando

Eis que o carnaval chega
e toda gente se junta num samba só
mistura cores, credo, qualquer que seja
e dançam o choro pai, mãe, avô e avó
E os vizinhos que se despeitam
no carnaval até se respeitam
usam máscaras de boas maneiras que só

No carnaval o malandro é malandro
No carnaval ser malando não é ser pior

Eis que o carnaval chega
e pobre e rico saem da toca
lá no planalto a gravata se desajeita
doida pra sair e curtir a moda
E na rua toda gente se une
no carnaval suor é o melhor perfume
que exala em toda roda

No carnaval o governo é do povo
No carnaval democracia tá na moda

E eis que o carnaval chega
E carrega o povo
E carrega a roda
Governo do povo
Democracia na moda


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Diálogo interrompido

E lá estava eu sossegada e só
com o Bandeira na mão
Em um banco de todos
estava eu e o Bandeira na Estação

Um senhor, vestido de autoridade
me interrompeu o diálogo com Bandeira
perguntou se eu tinha prova hoje
eu disse não e foi-se embora à sua maneira

Tal pergunta embaçou minha visão
as palavras do poeta ficaram herméticas agora
tudo por causa daquele senhor de autoridade
que arrancou uma dúvida que eu tinha pra fora

A gente só lê quando tem prova?
A pergunta sem culpa do senhor é triste conclusão
E a triste resposta dessa pergunta
é a triste explicação da atual educação

E lá estava eu sossegada e só
com o Bandeira na mão
Em um banco de todos
estava eu e o Bandeira na Estação...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mutantes

E muda eu, muda você, muda o mundo
muda por quê?
O mundo me exige, o mundo me cobra
Me sacode e diz: "Acorde e viva!"
Então eu mudo de mim e dou um sorriso
Falo, minto, te elogio e te encanto
Tiro do bolso as palavras de seu inconsciente
Cuspo-as em teu ouvido e quase te ganho
Quase te engano, quase me engano
Quase sou eu, mas eu mudei de mim...
E muda eu, muda você, muda o mundo
muda por quê?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ou não

deixa o natural nos envolver
a expectativa é um mal que faz doer
o destino há de nos unir se for o seu papel
e se as linhas forem tortas, tudo bem
que fabriquemos outras linhas pra se adequarem
ao nosso tão sonhado amor forjado... ou não.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Que possamos!

Sim! Que possamos jogar amarelinha
Peteca, vôlei , dama ou xadrez
Nos lambuzar de sorvete sem vergonha
gargalhadas de chocolate ou napolitano

Que possamos dançar e cantar com ou sem som
Uma marchinha, uma bossa, nova ou velha
ler e reler um best-seller, uma poesia,
um conto, cordel ou romance

Que possamos ir ao cinema, filme mudo ou não
Ou filme em casa, ver até o fim ou dormir no meio
Ir ao teatro, ver atriz, ator e espelhos
reflexos de nós, de choro, alegria, desespero

Seja tragédia grega ou shakespereana
Édipo ou Otelo, Medeia ou Ofélia
Morte, vida, beijo de chegada ou despedida
que possamos ser assim desse jeito

Como uma criança descobrindo o mundo
Eu descobrindo você, você descobrindo a mim
de um jeito novo todo dia, sem drama, com
comédia sim! Eu quero uma pessoa assim!